Artigo – A questão do planejamento

14 09 2007

  

Ricardo “Tio Zeca” Stabolito fala sobre o impacto de um planejamento mal-feito ou mal-sucedido em uma equipe da NBA.

Um dos meus primeiros artigos publicados aqui no JumpeR foi sobre planejamento. Ao analisar o Atlanta Hawks, eu chegava a conclusão de que todos os insucessos acumulados pela franquia em sua história recente era produto direto de uma falta de planejamento latente, que ficava claro na postura da equipe durante drafts, em suas movimentações na off-season e a eterna desconfiança em relação ao técnico Mike Woodson e sua comissão de apoio.

Não há melhor período para se falar em planejamento quanto no entre-temporadas. Isso porque essa é a época em que os projetos são pensados. Fica mais fácil apontar os tópicos deles, pois estão em evidência. Acima de tudo, fica mais fácil mostrar como um plano pode dar totalmente errado se fincado em uma base incerta.

Um exemplo claro de planejamento mal-concebido foi o do Pacers, realizado no início da temporada passada. Deu errado porque, primordialmente, olhou apenas para o rendimento dos jogadores dentro de quadra e não para seu impacto dentro da dinâmica do elenco. O time trouxe ótimos valores, montou um plantel com qualidade. No entanto, cheio de notórios jogadores-problema (Al Harrington, Stephen Jackson, Marquis Daniels, Jamaal Tinsley). O resultado foi o provável: o elenco teve prazo de validade.

A equipe foi muito bem até metade da temporada. Manteve-se na sexta posição da conferência Leste. Até que explodiu um problema interno envolvendo alguns dos jogadores citados e o astro da franquia, Jermaine O’Neal. No auge do impasse, o ala-pivô falou pela primeira vez em sair de Indiana. O Pacers acabou encurralado, com uma bomba-relógio nas mãos. No risco de perder seu jogador mais importante, os dirigentes trocaram dois dos motivadores da confusão (e peças importantes) em um pacote altamente desfavorável. Al Harrington e Stephen Jackson foram trocados junto ao lituano Jasikevicius e Josh Powell com o Warriors, que cedeu em contrapartida os inconstantes Mike Dunleavy Jr. e Troy Murphy, além do curinga Ike Diogu e o inexpressivo Keith McLeod.

Resultado: o elenco foi desmontado. A equipe, logo depois, acumularia uma seqüência de 13 derrotas consecutivas e perderia a vaga para os playoffs. Falharam pela falta de uma avaliação mais ampla. Os jogadores mereceriam ser protagonistas de um planejamento se tivessem comportamento estável. Escolhas envolvem riscos, principalmente se mal estudadas.

Ontem, assistimos à possível destruição de um planejamento feito para a temporada que está por vir. O Blazers arrumou todo o seu plantel, esquematizou seu trabalho de off-season, em cima da chegada do pivô Greg Oden, primeira escolha do recém realizado draft. A equipe rifou pivôs do elenco, visando finalizar a conturbada rotação de garrafão que a franquia mantinha. Isso incluiu trocar o principal pontuador e reboteiro da equipe – Zach Randolph – com o Knicks, recebendo, de concreto, apenas Channing Frye. Tudo foi feito para que Oden fosse introduzido na equipe em posição privilegiada.

Logo, a notícia de que o promissor pivô não jogará a próxima temporada em decorrência de uma contusão não foi boa para o Blazers. Agora, a equipe perdeu seu principal jogador e terá que apostar ainda mais nas suas promessas (Brandon Roy e Lamarcus Aldridge, entre outros) para manter as expectativas criadas após o recrutamento universitário. O time pode não ter ruído – Frye pode substituir Oden, com suposta menor qualidade, porém mantendo um nível respeitoso –, mas o planejamento está temporariamente condenado.

O Blazers pagará por ter apostado em uma base duvidosa. Oden já vinha acumulando algumas contusões durante sua passagem pela universidade de Ohio State. Antes do recrutamento, foram ventiladas informações de que o pivô estaria machucado. Havia sérias desconfianças de que o jogador poderia ter/estar desenvolvendo um histórico perigoso de contusões. Concluindo, Oden era uma base frágil e insegura para suportar um planejamento. Afinal, além das lesões, era um novato e poderia ter problemas de adaptação na NBA.

Que fique claro aqui uma coisa: o Blazers não errou ao escolher Greg Oden no draft. O atleta possui qualidade e é um jogador que supre uma posição altamente carente na Liga com extremo potencial. O erro está em sedimentar um planejamento sobre ele, tendo em vista um quadro perigoso de contusões e o fato de ainda ser novato. Ele mereceria tal confiança se estivesse são (o caso Cavs/LeBron é exemplo disso), mas não estava.


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8 responses

14 09 2007
juninn

ótimo artigo!

14 09 2007
jp

Go Hawks! hahahha voz solitaria

25 04 2008
ADA

Muito interessane este artigo!

6 05 2008
Abel António de Almeida

Antes de mais gostaria agradecer o ensejo de poder fazer parte desta turma. Em relação aos três times Atlanta Hawks, Pacers e Blazers, constata-se que não foram tidos em conta os procedimentos para um planejamento eficaz, senão vejamos:
– Não foram elaborados estudos prévios sobre a situação actual (entre-temporadas). Ou seja não foram tidas em conta os acontecimentos e o ambiente interno e externo;
– As decisões entre-temporadas influenciaram a situação desejada;
– Não foram tidas em conta as variaveis as variaveias macro e micro ambiente.
– O objectivos não foram mensurados.

Em suma as debelidades> fortalezas nos três times, as ameaças>oportunidades, as sua decisões dos gestores das equipas meteram em risco a organização.

19 06 2008
paulina tchokomessa

Oi, sou a Paulina,

A meu ver, e pela leitura que se faz desse Artigo, houve sucessivas derrotas na conta do “erro de palmatória” cometido pelos dirigentes que, ao invés de pensaram na interação dos integrantes da equipa como um todo, limitaram-se a contar “milagre” de um ou dois jogadores fortes…
O planejamento não focalizou os elementos necessários, a partir dos recursos humanos isto é, jogadores e suas particularidades.
Em suma, foi um planejamento baseiado no entusiasmo ou emoção de ganhar a referida temporada!

19 06 2008
paulina tchokomessa

Oi sou a Paulina,

A meu ver, e pela leitura que faz desse Artigo, houve erros de “palmatória” da parte do dirigente qto ao planejamento da organização, uma vez que, devia ter em consideração que a equipa não era composta apenas por dois ou três jogadores-chaves. Porém, como um dos pensamentos estratégicos seria tomar os componentes da equipa como um todo.
Em suma, não devemos traçar um planejamento guiados pela emoção ou entusiasmo!…Tem de ser baseiado em “extrato” firme.

21 03 2009
Jackson

olá!
Em minha opinião o impacto de um planejamento mal-feito é visivel, porém não se pode dizer que a aposta na base foi mal feita… o desenvolvimento do processo foi que evidenciou pq teoricamente a aposta na estrela dos Blazers teria tudo pra dar certo. O que de fato se mostra é que as estratégias para o bom desempenho não foram bem elaboradas e que somente informações não são suficientes para sedimentar qualquer planejamento.

8 08 2009
Anália

Oi pessoal.

Só fica mais evidente oque todos sabem: Planejamento envolve riscos. Onde estavam as contingências para as surpresas desagradáveis que o time estava sujeito?

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